quarta-feira, 6 de maio de 2009

O SENTIDO DAS COISAS

A primeira vez que eu te vi, você dançava feito louca ao som de drum ´n bass numa boate underground perto da rua Augusta. Eu te olhei e o tempo pareceu ir mais lento até parar completamente para eu te observar. O tempo parou; eu te olhei e guardei.

A segunda vez que eu te vi, você estava sentadinha no saguão do aeroporto de Congonhas esperando um vôo. No fluxo ininterrupto de pessoas, o ruído dos alto-falantes, o sobe e desce de aeronaves; através de tudo isso o tempo pareceu de novo retroceder até parar. De novo eu te olhei. Vi seus olhos castanho claro por detrás de enormes óculos escuros estilo Jackie O., o vestido de malha florido agarrado ao teu corpo e o anel que brilhava em um de seus dedos de sua mão esquerda que segurava um livro que você lia séria e compenetrada. De novo eu te olhei e te guardei.

Hoje em dia não te vejo mais em lugar nenhum. Cruzo a metrópole de ponta a ponta – Higienópolis, Centro Velho, Itaim, rua da Consolação, Campo Limpo, Parque Villa Lobos, no lado underground da rua Augusta, Jardins. Vago a cidade como um faminto cão sem dono e sonho. Sonho em mais uma vez poder te ver para que as coisas de novo comecem a fazer sentido.

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