quarta-feira, 6 de maio de 2009

NÓS QUE AQUI ESTAMOS, CONTINUAMOS.

Não nos lembramos apenas do passado, mas do futuro também. Cinqüenta por cento da memória é dedicada não ao que já aconteceu, mas ao que irá acontecer. Reuniões, aniversários, encontros, todos os compromissos e planos em andamento, todas as esperanças, sonhos e ambições que formam a vida humana – nós nos lembramos do que fizemos e também do que vamos fazer. Apenas o fio do presente é “duro” em todos os aspectos. Passado e futuro são coisas da mente, e uma mente pode ser transformada.

STEVEN HALL (2007) Cabeça Tubarão. SP: Cia das Letras.

Gosto de olhar o céu na noite de 31 de dezembro depois que todos os fogos de artifício foram estourados. Ali na solidão e na imensidão do silêncio, olho a pretidão desse céu que nos protege, e às vezes ameaça. Depois de ter brindado e saudado o ano que chega, bebo um pouco de champanhe que resta na taça e olho as estrelas.

Não sinto ali, isso na minha mais completa ignorância sobre astronomia, o menor sinal de vida. Nem mesmo aqui na terra há um sinal de vida. Não há na rua um mínimo sinal de vida. Olho para o céu, para os pontos de luz que podem ser tanto estrelas como planetas. Escuto o silêncio da madrugada, nem um singelo carro se atreve a cruzar a rua. Teria o ano realmente começado?

O Ano Novo, esse mesmo com maiúsculas, não começa no céu, nas estrelas, na taça de champanhe, nos fogos de artifício. O Ano Novo se inicia mesmo é no coração. O tempo, você bem sabe, é inventado por nós. Ele, o tempo, não passa. Inventamos dias, meses, horas, semanas, anos. O tempo não passa, passamos nós. Por isso o ano termina, por isso ele recomeça, porque nós o inventamos.

Quando o ano se encerra nas areias da praia de Copacabana, na avenida Paulista, em Sidnei na Austrália, no Times Square em Nova York, no rio Tâmisa em Londres; há uma explosão de fogos de artifício, para que nós que aqui estamos e continuamos, assinalemos o início do novo ano.

Nós que aqui estamos e que até aqui chegamos. Nós que estamos vivos, continuamos a jornada.

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