Ela poderia ter ajudado, deveria nem ter ido.
Aquele encontro estava destinado a ser um fracasso. Ele era uma mistura mal acabada de idéias conservadoras e frases clichês de filmes B. E como ele a queria. Ele tentava agradá-la e conquistá-la, mas ela não estava nem aí. Ficava de olho no visor do celular esperando o próximo torpedo.
Ela, uma menina de 20 e poucos anos e tinha outros interesses na vida – Techno, baladas fortíssimas de sábado para domingo, Red Bull, bala e água mineral prá diminuir o calor. Ela tinha uma vida para viver e não queria perder o seu tempo com um loser.
Ela ficava de olho no visor do celular que, em vibra call, brilhava a cada nova mensagem de texto.
Ele era louco por ela e contava histórias de sua vida. Falava coisas como,
No meu tempo...
E dizia cantadas manjadas tipo,
Você é linda! Teu sorriso iluminou a noite! Estou louco por você! E a noite seguia.
Até que acontece a chamada que ela tanto esperava,
Hum hum
Silêncio.
Daqui a dois minutos
Mais silêncio.
Então ´tá, já estou saindo!
Ela cata a bolsa e o moleton, corre para a porta do apartamento, joga um beijo,
Tchau.
Ele tenta argumentar; Quem era? Quem ligou? O que aconteceu?
Mas era tarde demais; ela já estava ligada em outra.
Ela sai de cena para mais uma noite com muito ice na cabeça, trance bate estaca na veia, água mineral sem gás e rapazes parrudos e bonitos para lhe fazer companhia.
Ele fica na sua solitária identidade e na ressonância dos versos de Bandeira:
Não te aprofundes o teu tédio
Não te entregues à mágoa vã
O próprio tempo é bom remédio
Bebe a delícia de cada manhã.¹
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