O tititititititi intermitente e irritante do despertador digital prateado que fica em cima do criado mudo me desperta de um sono sem sonhos, mas justo. Aproximo o display dos meus olhos e lá está o momento eternizado, 5:30. Hora de me levantar e enfrentar o cotidiano, o dia a dia, ônibus lotados, chuva passageira, irritação dos motoristas, infelicidade geral.
O dia ainda está escuro. São Paulo demora a amanhecer. O sol tem preguiça de aparecer, ou não aparece mesmo. São Paulo é uma cidade que não amanhece, que a chuva não avisa que vai cair apenas acontece. E quando acontece, as inundações transtornam ainda mais a cidade e serve de alimento para a mídia carnívora por sensacionalismos.
Cinco minutos se passam e o despertador soa novamente com o irritante tititititititi. Olho a esposa que do meu lado ronca e talvez sonhe. Tateio na escuridão do quarto o criado mudo e acho o punhal com cabo de madrepérola.
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