segunda-feira, 20 de junho de 2011

AMANHECERES

Ainda que tardio, pois dia 12 de junho já passou, um poema pra minha sweet valentine...

AMANHECERES

Ver cada nova manhã

por teus olhos,

é como escutar o gotejar

da chuva que cai.

É uma primavera

quente e abafada.

É lembrar que o amor

é como o gotejar da chuva que cai;

é como o escutar do gotejar dessa chuva que cai;

é como cada nova manhã vista por teus olhos;

é como a primavera quente e abafada.

O amor, para mim,

são os teus olhos

que é por onde eu gostaria de ver

cada nova manhã.

*para N., minha forever Valentine.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A PRIMEIRA NOITE EM QUE DORMI SOZINHO

A PRIMEIRA NOITE EM QUE DORMI SOZINHO


A primeira noite em que dormi sozinho, num futon jogado no chão do pequeno novo apartamento alugado, tive uma sensação de alívio. Um enorme alívio!

A primeira noite em que dormi sozinho, fechei os olhos e imaginei o céu nublado na fria madrugada vazia a me cobrir, a me proteger.

E na escuridão do quarto, os monstros da minha infância, as aberrações da minha mente de garoto tímido, os seres imaginários que enxergava nas escuras sombras no escuro do quarto de menino, voltaram a me espreitar e a me proteger dos monstros reais; aqueles que querem lhe devorar, oprimir, diminuir e pisar em cima de você; aqueles que vivem a lhe condenar e a convencer as pessoas que você é menos que um nada.

A primeira noite em que dormi sozinho, lembrando Drummond, “estava sozinho na América”*; e “meus ombros suportavam o mundo”, o meu novo mundo, e “ele não pesava mais que a mão de uma criança.**” Um novo mundo com várias opções abertas e uma caixa de escolhas a serem sorteadas.

A primeira noite em que dormi sozinho, em nada pensei.

E de nada me arrependi.

E um medo, um tremor travestido em diversas cores, formas e camadas; um medo que me cobriu, enquanto de frio eu tremia na densa madrugada da cidade.

Na primeira noite em que dormi sozinho; sozinho estava.

E sozinho estou.

Outras noites irão acontecer. E nelas continuarei a dormir sozinho, mas o alivio, esse eu vou guardar num profundo e enorme suspiro.


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a) Carlos Drummond de Andrade in *“A Bruxa” e **“Os Ombros Suportam o Mundo”.