sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

INSTINTO ASSASSINO

INSTINTO ASSASSINO

Sentou no batente da porta da padaria ainda fechada. Apalpou os bolsos em busca do amassado maço de LM. Tirou um cigarro, o bateu na palma da mão, colocou nos lábios e o acendeu. Tragou profundamente e exalou a fumaça devagar em pequenos bafos.

Olhou o vai e vem lento das poucas pessoas; um empregado do bar da esquina lavava a calçada em uma busca inútil de tentar limpar os vestígios da noite; um casal de lésbicas adolescentes saía do clube underground abraçadas; a empregada dava o passeio matinal do pug arfante. Na banca de jornal o jornaleiro separava e arrumava os jornais do dia com as mesmas velhas notícias.

Tragou um pouco mais o cigarro e olhou o dia que se apresentava diante dele. O cansaço fazia com que ele esfregasse os olhos em busca de melhor enxergar, mas enxergar o que de melhor?

Nada conseguia ver de bom, ou interessante, naquele horizonte nublado, cinzento e sujo da megalópole. Olhou de novo a movimentação das pessoas, era verdade o dia insistia em nascer. O cigarro em sua boca já havia terminado. Jogou o toco de cigarro no chão e o esmigalhou com toda força e uma raiva incontida.

Enfiou de novo a mão no bolso e dessa vez sentiu a frieza do metal polido e inoxidável no bolso. Avaliou o peso e a circunferência do cilindro e o longo e frio cano de aço. Tocou uma por uma das seis balas mortíferas.

Parou pensativo, e viu que era o momento.

Era um homem desesperado e pronto a fazer qualquer besteira, até assassinar a sua esposa.

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