segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

BOLAS DE NATAL

BOLAS DE NATAL

“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco.”

Mt 1, 23.

Quando eu era pequeno, na casa de meu pai havia uma árvore de Natal toda prateada, que era montada todo fim de ano.

A árvore deveria ter um metro e poucos de altura. Para mim era enorme! Quando somos pequenos o mundo é um lugar onde tudo é grande. Eu via aquela árvore de Natal com alegria, pois a sua presença significava que os presentes estavam a caminho.

Hoje em dia, com um discernimento mais apurado que tenho, analiso que aquela árvore nada mais era do que um cabo de vassoura pintado de prata encaixado em uma base também prateada. No cabo havia pequenos furos onde eram encaixados os galhos que nada mais eram do que pequenas vassouras piaçavas pintadas de prateado.

Hoje vejo como horrorosa era aquela árvore de Natal!

O que realmente me encantava era o ritual de retirar das caixas as bolas de Natal que iriam ser penduradas nos galhos da árvore prateada.

As bolas estavam embrulhadas em jornal para não se quebrarem, pois eram feitas de vidro, com um material parecido com o de lâmpadas fosforescentes. As bolas eram frágeis e, se fossem ao chão, quebrar-se-iam. E ano após ano era feito esse ritual de armar e desarmar a árvore, desembrulhar e embrulhar as bolas e celebrar o Natal; o que seria da vida sem esses pequenos rituais?

Hoje em dia não há mais bolas de Natal assim, e o Natal tem outra face – algo mais norte-americano. As bolas do Natal de hoje são de plástico, e podem ser substituídas seguindo o conceito da descartabilidade. E enfeites de Natal podem ser encontrados em qualquer lojinha do centro da cidade.

Acaba-se o encanto, o ritual, e a vida fica mais mecânica e sem brilho. Uma vida mais prática, objetiva, direta. Sem um romantismo que se perdeu décadas atrás.

O estado de fragilidade das bolas de Natal da minha infância, foi substituído pelo efêmero, pela mentalidade do one-way – e não só as bolas de Natal, mas as pessoas também. Tudo gira em torno de uma novidade que nunca vem, mas não para de chegar.

O meu Natal de hoje tem uma pequena árvore, de uns quinze centímetros, e outras bobagens como luzes pisca-pisca, um Papai Noel gordo subindo uma escada, um pequeno presépio; coisas que meu filho gosta.

Sei que daqui alguns anos, ele também vai se lembrar dessa pequena árvore, das luzes que não cessam de piscar, do pequeno presépio, e vai sorrir de alegria da lembrança que tudo isso traz.

FELIZ NATAL A TODOS!

Um comentário:

  1. Nossa! Viajei no tempo agora, e assim como você, eu também vive essa magia do Natal na visão de uma criança. Minhas melhores recordações desse ritual me remetem sempre ao sítio dos meus Avós, porque foi lá que vive todo o encanto que o Natal nos dá, não que a casa de meus Pais não tivesse árvore de Natal, mas pra mim, era uma árvore fria, nós (eu e meus irmãos) nunca participávamos da montagem da árvore, era como se fosse intocável, justamente para não quebrar as coloridas bolas de vidro. Já no sítio, tudo era bem diferente, meu querido e adorável Vô, que eu já não o tenho mais, seguia todo um ritual com os netos. Claro que os netos que chegavam no início de Dezembro eram os privilegiados, porque eram eles que iriam ajudar a preparar a bela árvore de Natal com o Vô, e claro, eu estou entre esses privilegiados.
    Nossa árvore de Natal era colhida todo ano, é isso aí... nossa árvore era bem verdinha e verdadeira. Depois de selecionada a nossa árvore, o trabalho pesado era do meu Vó, mas tudo era festa, até essa árvore chegar na casa do Vó, eram muitas e muitas histórias contadas pelo caminho. Nossa árvore era enfeitada de algodões, que meu Vó dizia que representavam gelo e neve; muitos cartões de Natal, e claro ,muitas bolas de vidro que já não eram coloridas como na casa da minha mãe. Minha Vó diz que a cor vermelha é um dos símbolos do Natal, então nossas bolas de vidro, eram todas vermelhas, e eram tocáveis, porque eram nós(netos) que ajudávamos a montar a árvore de Natal.
    Hoje em dia, as árvores de Natal mudaram, justamente para acompanhar a modernidade, e quando crescemos, são dispersos o verdadeiro sentido, mas acredito que cada criança consegui captar a essência e magia do Natal. Eu por exemplo, não ia montar minha árvore de Natal esse ano,
    dei uma desculpa qualquer, mas meu filho me convenceu a montar, na realidade o trabalho foi todo dele, quando cheguei em casa com enfeites novos, ele estava todo sorridente, e me disse. "Mãe minha árvore ficou linda, nem precisa de enfeites novos" não fui contra, e acabei guardando os enfeites que havia comprado. E realmente a montagem dele ficou um encanto, talvez seja porque ele ainda tem a pureza e a essência que o Natal precisa. Acho que de algum modo, somos corrompidos por um mundo tão objetivo, concreto e sem fantasias, e claro, movidos o tempo todo pelo consumismo.
    As árvores mudaram, assim como nós;gosto dessa variedade de cores e enfeites, a cada ano mais modernos e atrativos. E apesar de não ser criança, ainda prefiro minha antiga árvore de Natal, cheia de algodões,lindos cartões de Natal e as sensíveis bolas vermelhas de vidro.

    Meu amor,desejo lhe um meigo abraço.
    FELIZ NATAL!!!!!
    E.R.

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