BOLAS DE NATAL
“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco.”
Mt 1, 23.
Quando eu era pequeno, na casa de meu pai havia uma árvore de Natal toda prateada, que era montada todo fim de ano.
A árvore deveria ter um metro e poucos de altura. Para mim era enorme! Quando somos pequenos o mundo é um lugar onde tudo é grande. Eu via aquela árvore de Natal com alegria, pois a sua presença significava que os presentes estavam a caminho.
Hoje em dia, com um discernimento mais apurado que tenho, analiso que aquela árvore nada mais era do que um cabo de vassoura pintado de prata encaixado em uma base também prateada. No cabo havia pequenos furos onde eram encaixados os galhos que nada mais eram do que pequenas vassouras piaçavas pintadas de prateado.
Hoje vejo como horrorosa era aquela árvore de Natal!
O que realmente me encantava era o ritual de retirar das caixas as bolas de Natal que iriam ser penduradas nos galhos da árvore prateada.
As bolas estavam embrulhadas em jornal para não se quebrarem, pois eram feitas de vidro, com um material parecido com o de lâmpadas fosforescentes. As bolas eram frágeis e, se fossem ao chão, quebrar-se-iam. E ano após ano era feito esse ritual de armar e desarmar a árvore, desembrulhar e embrulhar as bolas e celebrar o Natal; o que seria da vida sem esses pequenos rituais?
Hoje em dia não há mais bolas de Natal assim, e o Natal tem outra face – algo mais norte-americano. As bolas do Natal de hoje são de plástico, e podem ser substituídas seguindo o conceito da descartabilidade. E enfeites de Natal podem ser encontrados em qualquer lojinha do centro da cidade.
Acaba-se o encanto, o ritual, e a vida fica mais mecânica e sem brilho. Uma vida mais prática, objetiva, direta. Sem um romantismo que se perdeu décadas atrás.
O estado de fragilidade das bolas de Natal da minha infância, foi substituído pelo efêmero, pela mentalidade do one-way – e não só as bolas de Natal, mas as pessoas também. Tudo gira em torno de uma novidade que nunca vem, mas não para de chegar.
O meu Natal de hoje tem uma pequena árvore, de uns quinze centímetros, e outras bobagens como luzes pisca-pisca, um Papai Noel gordo subindo uma escada, um pequeno presépio; coisas que meu filho gosta.
Sei que daqui alguns anos, ele também vai se lembrar dessa pequena árvore, das luzes que não cessam de piscar, do pequeno presépio, e vai sorrir de alegria da lembrança que tudo isso traz.
FELIZ NATAL A TODOS!